segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O pai da mentira


Quando eu comecei a explorar de verdade o cristianismo pela primeira vez, uma das coisas que eu nunca entendi era por que diabos o diabo era chamado de “pai da mentira”. Parecia uma espécie de definição aleatória. Quer dizer, a mentira é ruim, mas há coisas piores, certo? Por que não pai do ódio, da raiva, da crueldade? Francamente, o pai da mentira não parecia tão ameaçador para mim.
E então eu comecei a notar algo.
Graças aos escritos de C. S. Lewis, comecei a perceber que todos os seres humanos ao longo da história tiveram a noção de que nós deveríamos estar fazendo o que é certo e bom. Quase ninguém diz: “Hoje eu acordei com vontade de fazer algo ruim e mal! ” Nem mesmo Hitler pensava dessa forma. Hitler alegava estar fazendo algo de bom para o seu país.
Todos nós temos uma necessidade de nos sentirmos “pessoas boas”. Ainda assim temos uma tendência muito forte de fazer coisas que não parecem tão boas. E foi quando eu notei como essas duas forças se chocam que percebi de onde o diabo tira o seu apelido. Com a nossa repulsa inata pela simples ideia de fazer algo mal, existe apenas uma forma de o mal florescer: através de mentiras.
Estupradores dizem que a mulher queria ou merecia. Ladrões dizem a si mesmos que eles precisam daquela mercadoria e que aquela empresa não vai nem notar de qualquer maneira. Quando uma criança desejada nasce, ela é tratada como um ser precioso. Mas quando é indesejada, é tratada como apenas um feto.
Quando esse entendimento me veio, comecei a ver exemplos em todos os lugares, incluindo em mim mesma. Não é preguiça, é porque eu não tenho tempo. Eu só estou criticando para te alertar. Eu não estou sendo cruel, eu estou respondendo às pessoas como elas merecem.
Não demorou muito para que eu percebesse que era completamente através de mentiras que eu fazia escolhas más. Eu nunca disse: “Essa escolha que eu estou tomando é má e errada, mas eu não me importo”. Eu sempre tive uma boa história para contar sobre o porquê de eu estar fazendo aquilo.
Mentiras.
Quando paro para pensar sobre quais justificativas usava para dizer que o bem e o mal eram uma questão de opinião, e que não há verdade, percebo o quanto o relativismo moral é perigoso. Vejo agora que o bom está diretamente ligado a dizer a verdade, enquanto o mal está diretamente ligado a dizer a mentira.
Você não pode buscar a verdade se não acredita que ela existe. A partir de experiências pessoais comecei a entender que a coisa mais prejudicial que uma pessoa pode dizer a si mesma é que não há verdade objetiva. Porque o mal está sempre à espreita, esperando para oferecer uma boa e arrumada história para que você diga o porquê de as coisas ruins não são serem tão ruins assim.
E quando a definição de bem e mal não se amarram a uma definição de verdade absoluta, que vai além das nossas opiniões humanas, torna-se fácil deslizar para um caminho perigoso.
Cheguei a achar que os ateus eram mais livres que pessoas que acreditavam em Deus. Afinal, não teriam mais regras e regulamentos bizarros para se atolar. Agora, entendo que essas “regras” são na verdade um conjunto de ferramentas, uma chave para abrir as algemas do pecado, uma bússola que nos ajuda a navegar pelas águas turbulentas que todos nós nos encontramos.
Conhecer a Deus é conhecer a verdade, e sem verdade é impossível ser livre.

*Nota: A partir de agora, começarei a postar um pouco mais sobre razão, fé e apologética. Fiquem atentos! 

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