Quando eu comecei a explorar de verdade o cristianismo pela primeira vez, uma das coisas que eu nunca entendi era por que diabos o diabo era chamado de “pai da mentira”. Parecia uma espécie de definição aleatória. Quer dizer, a mentira é ruim, mas há coisas piores, certo? Por que não pai do ódio, da raiva, da crueldade? Francamente, o pai da mentira não parecia tão ameaçador para mim.
E então eu comecei a notar algo.
Graças aos escritos de C. S. Lewis, comecei a perceber que todos os
seres humanos ao longo da história tiveram a noção de que nós deveríamos estar
fazendo o que é certo e bom. Quase ninguém diz: “Hoje eu acordei com vontade de
fazer algo ruim e mal! ” Nem mesmo Hitler pensava dessa forma. Hitler alegava
estar fazendo algo de bom para o seu país.
Todos nós temos uma necessidade de nos sentirmos “pessoas boas”. Ainda
assim temos uma tendência muito forte de fazer coisas que não parecem tão boas.
E foi quando eu notei como essas duas forças se chocam que percebi de onde o
diabo tira o seu apelido. Com a nossa repulsa inata pela simples ideia de fazer
algo mal, existe apenas uma forma de o mal florescer: através de mentiras.
Estupradores dizem que a mulher queria ou merecia. Ladrões dizem a si
mesmos que eles precisam daquela mercadoria e que aquela empresa não vai nem
notar de qualquer maneira. Quando uma criança desejada nasce, ela é tratada
como um ser precioso. Mas quando é indesejada, é tratada como apenas um feto.
Quando esse entendimento me veio, comecei a ver exemplos em todos os
lugares, incluindo em mim mesma. Não é preguiça, é porque eu não tenho tempo.
Eu só estou criticando para te alertar. Eu não estou sendo cruel, eu estou
respondendo às pessoas como elas merecem.
Não demorou muito para que eu percebesse que era completamente através
de mentiras que eu fazia escolhas más. Eu nunca disse: “Essa escolha que eu
estou tomando é má e errada, mas eu não me importo”. Eu sempre tive uma boa
história para contar sobre o porquê de eu estar fazendo aquilo.
Mentiras.
Quando paro para pensar sobre quais justificativas usava para dizer que
o bem e o mal eram uma questão de opinião, e que não há verdade, percebo o
quanto o relativismo moral é perigoso. Vejo agora que o bom está diretamente
ligado a dizer a verdade, enquanto o mal está diretamente ligado a dizer a
mentira.
Você não pode buscar a verdade se não acredita que ela existe. A partir
de experiências pessoais comecei a entender que a coisa mais prejudicial que
uma pessoa pode dizer a si mesma é que não há verdade objetiva. Porque o mal
está sempre à espreita, esperando para oferecer uma boa e arrumada história
para que você diga o porquê de as coisas ruins não são serem tão ruins assim.
E quando a definição de bem e mal não se amarram a uma definição de
verdade absoluta, que vai além das nossas opiniões humanas, torna-se fácil
deslizar para um caminho perigoso.
Cheguei a achar que os ateus eram mais livres que pessoas que
acreditavam em Deus. Afinal, não teriam mais regras e regulamentos bizarros
para se atolar. Agora, entendo que essas “regras” são na verdade um conjunto de
ferramentas, uma chave para abrir as algemas do pecado, uma bússola que nos
ajuda a navegar pelas águas turbulentas que todos nós nos encontramos.
Conhecer a Deus é conhecer a verdade, e sem verdade é impossível ser
livre.
*Nota:
A partir de agora, começarei a postar um pouco mais sobre razão, fé e
apologética. Fiquem atentos!
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